sábado, 25 de junho de 2016

Samu desenvolve campanha para orientar sobre como desengasgar bebês

O Samu 192 Sudoeste foi chamado na segunda-feira (20), para atender a emergência de um bebê de 16 dias de vida, nascido prematuro de oito meses, que estava engasgado. A equipe da Base de Palmas, com a técnica de enfermagem socorrista Catarina Aguiar e condutor socorrista Daniel Serigatti, deslocaram-se até a residência, enquanto o médico regulador passava as orientações para a família, via telefone.
Na residência, repleta de familiares e bastante nervosismo, apesar de o bebê estar de olhos abertos, permanecia imóvel, não responsivo e apresentava características de estar engasgado. Ao passar uma gaze na boca do bebê, esta saiu suja de sangue, então a equipe começou o processo de reanimação. Catarina disse que fez a reanimação cardíaca com compressão torácica e virou o bebê na manobra de Heimlich. "Ele não estava responsivo, mas reagiu rápido à reanimação, pois ao realizar a manobra ele logo desengasgou e chorou. Era uma criança bastante frágil e a mãe bem jovem". 
Este é o segundo filho da moça, sendo que o primeiro tem quatro anos de idade. O  engasgo obstrui as vias aéreas da criança e, sem respirar, as consequências para o organismo podem ser fatais. Cada minuto é vital, tanto a adultos, mas em especial a crianças.
A equipe estabilizou o bebê e conduziu-o, acompanhado da mãe, para o Pronto Atendimento de Palmas, onde foi avaliado pelo médico. 
Nesta mesma semana, outro bebê com nove dias de vida, de Salto do Lontra, já não teve a mesma sobrevida. Engasgado com leite materno, o Samu foi acionado, tentou a reanimação, mas não conseguiu reverter o quatro de engasgo. O bebê estava roxo e sem respirar por muito tempo, vindo a óbito. 

Três engasgos por semana
Segundo o médico do Samu, Flávio Sbardelotto, pediatra especialista e Neonatologia, no inverno chegam média de três ocorrências de engasgo por semana, à Central de Regulação do Samu 192. O engasgo obstrui as vias aéreas da criança e, sem respirar, as consequências para o organismo podem ser fatais. Cada minuto é vital, tanto a adultos, mas em especial a crianças.
O médico pediatra lembra que habitualmente as crianças que mamam no seio, têm a alimentação materna ou via mamadeira, podem até o quinto mês fazer regurgitação e asfixiar. Nesses casos, o mais importante, se você não sabe o que fazer, é virar o nenê de barriga para baixo e deixa a cabeça mais baixa que o resto do corpo, é todo o princípio, como uma garrafa que precisamos por de cabeça para baixo para esvaziar. 
"Com a cabeça para baixo, deixando a porção cefálica mais baixa e, na medida do possível, essa manobra que mostra na foto é excelente, ou senão só passa o dedo e faz todo o giro dentro da boca do neném, pois isso provoca o vômito e a criança tende a eliminar o produto. Neste período, é importante ligar para o Samu no 192, pois sempre tem um médico que vai passar uma orientação por telefone sobre o que fazer se essa criança não desengasgar em primeira instância, só com essa manobra. Se ela tiver parada cardiovascular ou cardiorrespiratória existe a necessidade de fazer toda uma manobra que o médico regulador do Samu pode indicar via telefone e até a nossa unidade chegar no local isso pode salvar ou dar melhor sobrevida ao bebê", apresentou. 
Sbardeloto abordou sobre o pânico. "Normalmente diante desses casos, quando o pessoal liga para a regulação é dizer para a mãe dar o neném para outra pessoa, ou o pai, uma tia, a avó, um vizinho, alguém que tenha mais calma que ela neste momento. Uma mãe dificilmente vai conseguir fazer o procedimento, por isso é melhor passar a outra pessoa para este conversar com a gente e indicarmos a manobra. Normalmente quando existe uma pessoa que está menos tensa no grupo, vai fazer a manobra com muita mais facilidade". 
Sbardelotto diz que se o nenê não está responsivo a nada, sua cor está mais escurecida, o famoso estar roxinho, com o corpo amolecido, é sinal que asfixiou. "O segundo ponto, se ele estava mamando ou na uma hora e meia passada ou de imediato, provavelmente ele fez uma asfixia. Isso é fácil de tirar. Pela capacidade de regurgitar do bebê, até o quinto mês, provavelmente o leite tampe a parte de cima da garganta e ele asfixie. As vezes só a manobra de você deitar o neném de barriga para baixo e passar a mão na boca já se desencadeie o vômito e isso saia, faz com que ele tenha uma resposta respiratória mais rápida e o tempo de falta de oxigenação que chamamos de hipóxia seja menor. Quanto mais tempo ele ficar com o corpo mole, roxinho e não responsivo, as sequelas podem acontecer com uma intensidade maior", alertou. 

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