quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

PARECE QUE ESTE ANO O SINDICALDAS RESOLVEU FICAR DO LADO DOS SEUS SINDICALIZADOS

COMUNICADO AOS SERVIDORES PÚBLICOS MUNICIPAIS E IMPRENSA
Em atenção às recentes notícias acerca do reajuste obrigatório dos vencimentos dos servidores públicos municipais, o SINDICALDAS esclarece que em 02 de Janeiro de 2017, primeiro dia útil do ano protocolou os ofícios 001/2017 e 002/2017. 
Quanto ao ofício 001/2017, foi requerido o reajuste obrigatório à todos os cargos e servidores municipais, sendo aplicado o acumulado no Índice de Preços ao Consumidor (IPCA), no período compreendido entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017.
De igual modo, o ofício 002/2017, requereu o reajuste dos vencimentos dos Professores da Rede Municipal de Educação, devendo a Administração Pública Municipal ajustar o Piso Nacional da categoria.
Assim, o SINDICALDAS, REPUDIA a utilização política, por terceiros, de direitos legalmente e constitucionalmente garantidos aos servidores públicos municipais, haja vista que o reajuste anual não se trata de faculdade da Administração Pública, mas obrigação prevista no arcabouço jurídico.


ATENÇÃO FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS FEDERAIS, ESTADUAIS E MUNICIPAIS:

Sem alarde, o governo de Michel Temer e o Supremo Tribunal Federal iniciaram esta semana o maior ataque ao funcionalismo público que o Brasil já viu. À frente da operação está o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. A blitz continua na semana que vem, quando deve ser aprovado o acordo da União com o estado do Rio de Janeiro. Esse compromisso incluirá a redução da jornada de trabalho e dos salários dos funcionários públicos do Rio. Também está previsto o aumento da contribuição previdenciária dos funcionários públicos, que hoje é de 11%.
Como o estado do Rio “está quebrado”, enfiaram também no acordo a privatização da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), que pode chegar a render R$ 5 bilhões. O responsável pela venda será o BNDES. Que mais está na mesa de negociação? Um plano de demissão voluntária e o corte de funcionários terceirizados.
Mas custa caro demitir. Para isso, entrou em jogo o Banco do Brasil, para quem o Rio deve R$ 10,8 bilhões. Fechado o grande acordo, o Banco do Brasil poderia fazer um novo empréstimo para o Estado, justamente para financiar os programas de demissão voluntária e para bancar o alongamento de dívidas do Rio. Em troca de tudo isso, o estado do Rio ficará de três a cinco anos sem pagar os juros da dívida com a União e outras instituições federais.
Mas pode diminuir salário de funcionário público? A lei permite isso? “Vamos submeter o acerto ao STF para ter segurança jurídica e evitar contestações adiante?, disse Meirelles ao jornal Valor Econômico. Se ele falou que vai submeter ao STF, é que ele já sabe que vai passar… o acordão está feito. Mais um.
Tem um probleminha. O próprio STF julgou institucional em 2007 o artigo 23 da Lei de Responsabilidade Fiscal, que possibilita a redução temporária da jornada de trabalho e dos vencimentos de funcionários públicos. Mas talvez não seja problemão. Basta o Supremo jogar no lixo sua decisão de 2007. Absurdos desse tipo têm acontecido, como vimos quando Renan peitou o STF. E isso pode muito bem acontecer agora. O Supremo, e a ministra Carmem Lúcia, dão sinais escancarados de que estão afinadíssimos com o governo Temer.
Agora um detalhe muito importante para você, que não é carioca. Na verdade, o que está em jogo não é o Rio de Janeiro. É muito maior que isso.
Em setembro de 2016, 20 estados brasileiros assinaram uma carta pedindo ajuda financeira à União, alegando colapso. De lá para cá, a situação só piorou. E vai continuar piorando. A política econômica de Temer é a continuação da política econômica de Dilma. Deu errado em todos os países em que foi tentada. Não tem porque dar certo aqui. Mas a crise é útil para o governo. Serve de desculpa para se fazer o que jamais um governo teria força para fazer em condições normais (e muito menos um governo com níveis pífios de aprovação popular).
A crise é a justificativa que o governo precisa para aprovar um ataque sem precedentes ao funcionalismo público do Brasil. Se o Supremo Tribunal Federal decidir pela legalidade da redução de jornada e salários, ao Rio vão se seguir acordos similares em boa parte dos estados, a começar por Minas Gerais e Rio Grande do Sul. E se pode fazer isso com funcionário estadual, porque não poderia se fazer o mesmo com o funcionário da união, ou o funcionário municipal?
Isso tudo tem grande chance de acontecer. Como foi aprovada a PEC do teto de gastos. Como quase foi aprovado o pacote bilionário de ajuda às teles, mais conhecido como “Operação Oi”. É como o governo pretende aprovar a “reforma” da Previdência e um pacotaço de privatizações a toque de caixa. Porque há uma conspiração de silêncio acobertando as consequências disso tudo. Só vemos discussões pseudo-técnicas, sempre usando a premissa de que o Brasil não tem dinheiro. Quando sabemos que os brasileiros mais ricos seguem sem pagar impostos, que empresas gigantes seguem pegando dinheiro público com juros de pai para filho, e sonegando na cara dura…
É uma boa oportunidade para discutir que serviços nós queremos do Estado, quanto estamos dispostos a pagar por eles, e de onde deve vir o dinheiro para isso.
No Brasil, “funcionário público” virou sinônimo de vagabundo. E todos nós já ouvimos um milhão de vezes que o Estado brasileiro é gigantesco, inchado e ineficiente.
Vamos aos números: de cada cem trabalhadores brasileiros, doze são funcionários públicos. É a média dos países da América Latina. Onde o atendimento à população também deixa muito a desejar. Nos países desenvolvidos, a média é de 21 funcionários públicos para cada cem trabalhadores. E nos países mais desenvolvidos do planeta, como Dinamarca e Noruega, mais de um terço da população economicamente ativa trabalha para o governo. Não dá pra gente chegar lá do dia para a noite, mas é uma questão-chave: em que tipo de país queremos viver, na Bolívia ou na Suécia?
O funcionalismo público no Brasil tem distorções absurdas, perfeito reflexo da má distribuição de renda no país como um todo. Temos de fato marajás no funcionalismo e isso tem que acabar. Mas é uma minoria minúscula. A maioria dos servidores tem salário baixo. E baixa escolaridade, pouco treinamento, pouca perspectiva. A distribuição física também é um problemão. Temos uma concentração exagerada de funcionários em algumas grandes cidades, e principalmente nos bairros mais abonados dessas cidades. E pouquíssimo funcionário público nas periferias.
Sem se fingir de Suécia, dá pra começar fazendo o arroz com feijão. Fazer um choque de gestão no funcionalismo público, acompanhado de um plano de cargos e carreiras que faça sentido. Distribuir essa gente direito pelas nossas cidades. Tolher ao máximo a terceirização, que dá enorme margem à corrupção. Estimular profissionais de primeira a ir para o setor público e lá ficar. Enfim, basta copiar o que fazem países civilizados, ou que querem se civilizar. Não precisamos nem devemos reinventar a roda.
Também é uma ótima oportunidade de se criar um foco organizado de resistência à danosa política econômica de Temer e Meirelles. A PEC do Teto é exterminadora do futuro, mas não afeta o presente do brasileiro. O presente às teles, que foi suspenso temporariamente por pressão da sociedade (e promete voltar à pauta do governo em fevereiro), não motiva a população a protestar. Outras lambanças parecidas têm passado mais ou menos batido, e há que desculpar o brasileiro, que está bem ocupado em vender o almoço para pagar a janta.
Já um ataque frontal ao direito estabelecido do funcionário público é outra história. É explicitamente arrocho e explicitamente ilegal. Começa pelo Rio, mas tem potencial para atingir doze de cada cem trabalhadores brasileiros. A resistência também está começando pelo Rio. O Movimento Unificado dos Servidores Estaduais, que reúne 42 entidades, entre sindicatos e associações, já avisa que levará a questão ao plenário do STF, mesmo que o acordo seja fechado entre a União e o governo do Rio, e chancelado por Carmem Lúcia.
Fonte: Relação Plena

O ex-goleiro Bruno é hoje um dos seguranças do presídio de Santa Luzia, onde as facções não têm vez e os presos trabalham e fazem cursos

No Alto das Maravilhas, no meio de uma região de mata fechada encravada no município de Santa Luzia, região metropolitana de Belo Horizonte, há um presídio que só recebe condenados que cumprem pena em regime fechado. A penitenciária abriga hoje 175 homicidas, assaltantes, estupradores e traficantes, a maioria com mais de dezoito anos de cadeia. Não há policiais, carcereiros ou seguranças armados. Quem vigia todas as portas da penitenciária, das galerias e das celas são os próprios detentos. Não há guaritas de vigilância. O presídio é administrado pela Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac), uma organização não governamental que cuida de outras 47 unidades semelhantes em quatro estados. A penitenciária foi construída em 2006 em parceria entre os governos municipal, estadual e federal. Hoje, abriga um dos detentos mais famosos do país. Bruno Fernandes, ex-goleiro do Flamengo condenado a 22 anos e 3 meses de reclusão pelo assassinato da modelo Eliza Samudio, carrega as chaves da própria cela e trabalha vigiando os demais detentos. Antes de chegar lá, Bruno passou por presídios convencionais, como o Nelson Hungria,  o maior de Minas Gerais, e o Complexo de Bangu, o maior do Rio de Janeiro. A VEJA, o ex-goleiro diz que as penitenciárias tradicionais, em vez de recuperar os presos, acabam por torná-los ainda mais perigosos. “O sistema convencional não recupera ninguém”, afirma (leia aqui a entrevista).
Todos os presos, inclusive os 113 do regime fechado, passam o dia fora das celas, nas oficinas e no pátio, onde têm livre acesso a serras elétricas, pés-de-cabra e tesouras para os trabalhos artesanais. No semiaberto, há enxadas, picaretas e foices. Os 62 detentos do semiaberto se dividem entre oficinas, hortas e trabalho em empresas na cidade. A associação recebe ajuda do Tribunal de Justiça de Minas para capacitação de funcionários e gestores. Os presos fazem cursos como marcenaria, padaria, jardinagem, informática e pintura. A administração está concluindo uma fábrica de itens de segurança, como luvas e botas. Todos estudam: noventa condenados fizeram o Exame Nacional Ensino Médio (Enem) neste ano. Há biblioteca, ‘DVDteca’, computadores e internet para curso superior a distância. Os presos usam crachá, são chamados pelo nome, têm livre acesso aos diretores do presídio e são instruídos a reclamar de tudo o que desaprovam.